Mundo de Coisas Minhas

Isso mesmo, lendo a nata dos clássicos literários. Fiquei pensando se deveria ou não fazer um post aqui no blog sobre essa peça (quer dizer, é Shakespeare, o que é que eu posso dizer sobre ele?), mas acabei decidindo fazer por causa de um post da Ju do blog Sobre Mim e Meu Mundo em que ela cria o projeto Um Clássico por Mês. Okay, não estou no projeto oficialmente porque não posso me comprometer com desafios literários por conta da faculdade (tenho muitos livros pra ler), mas achei legal mencionar. Inclusive, é uma ideia muito interessante e eu incentivo a participação! Afinal, clássicos são clássicos porque têem algo importante que permanece depois de anos, séculos, não é?

Júlio César (também conhecida como A Tragédia de Júlio César) é uma peça de Shakespeare que tem como tema óbvio o personagem histórico Júlio César, general romano. Uma peça com bastante intriga, sangue e especulações sobre o que é certo ou não fazer em nome do famigerado “bem maior”.

Se você acha que clássicos não trazem uma boa dose de suspense e cenas fortes, está enganado. Em Júlio César, conspiração rola solta e os personagens estão a maior parte do tempo literalmente cobertos de sangue. A trama começa quando o fato de Júlio César estar ganhando muito poder em Roma começa a incomodar. Ele é um militar bem-sucedido, tem um lugar político influente e agora começa a ganhar também um lugar religioso. Um golpe de estado se aproxima? Poderoso demais esse Júlio César.

É pensando nisso que um grupo de conspiradores se organiza liderado por Caius Cassius que tenta convencer Brutus, amigo de César, a apoiá-los. Brutus, obviamente, reluta a princípio, mas começa a ter uma crise de consciência: se César realmente der um golpe de estado, não seria dever dele, Brutus, tentar impedir o fato? Brutos, persuadido por uma série de cartas faltas escritas por Cassius, acaba sendo convencido de que o melhor para Roma seria mesmo matar César pelo “bem maior”. César, afinal, seria um tirano. E é aí que eles se organizam para matar César no Capitólio e depois explicar ao povo porquê fizeram isso. Mas quando Marco Antônio entra na jogada descobrindo o que aconteceu, as coisas não vão sair muito bem como o planejado…

A peça levanta questões muito interessantes. Além desse conflito de consciência de Brutus, temos também a questão da retórica na figura de Marco Antônio: é válido manipular um discurso para seus próprios interesses? Até que ponto um discurso pode manipular a opinião pública? E claro, a questão mor, os fins justificam os meios?

Essa peça já foi contada e recontada milhões e milhões de vezes em filmes e até mesmo no nosso imaginário popular. Acho que não existe ninguém que nunca tenha ouvido a citação clássica de “Até tu, Brutus?”. Mas acho que vale a pena ler o original e entender porque Shakespeare é, afinal, Shakespeare. A peça não é grande, não é difícil de ler (tá, tem uns vocabulários chatos, mas nada que vá matar alguém) e é bem envolvente. Eu li para uma aula do meu curso de mestrado (mas as discussões que tivemos por lá foram outras e envolvem mais complicações que não são o propósito deste blog), mas tive um bom tempo lendo, sabe. Não foi aquele tipo de leitura do “ah, meu Deus, tenho que ler isso pra aula que saaaaaaaaco”.

Recomendadíssimo! E pessoal, vamos ler os clássicos. Eles têm muito a falar sobre o que somos hoje.

Um filme sensível, um tanto dramático e um tanto fofo. Bom para assistir numa tardezinha fria comendo chocolate. Água para Elefantes rende duas horas interessantes nos fazendo pensar um pouco sobre a vida no circo no início do século XX e em como deve ser a relação homem/animal.

Jacob Jankowski (Robert Pattinson) perde tudo de uma hora para outra: sua vaga na universidade no curso de veterinária, seus pais, sua casa. Sem perspectivas, ele sai vagando ao lado do trilho de um trem e acaba entrando num vagão. O trem é na verdade de um circo e Jacob encontra ali uma oportunidade de trabalho como tratador de animais. É lá também que ele conhece Marlena (Reese Witherspoon), a grande estrela do circo e esposa de August, o ganancioso dono do circo que tem alguns problemas de controle de raiva.

Me surpreendi com esse filme. Pensei que seria mais uma história de amor impossível, extra dramática ao estilo Diário de uma Paixão (inclusive o início do filme aponta nessa direção com o velhinho contando sua história), mas o filme foca mais nessa questão dos animais, da convivência difícil no circo, a falta de dinheiro e a condição precária dos trabalhadores. Achei isso muito legal porque deu uma variada. Claro que tem a parte do amor impossível, mas isso não se tornou a única questão mostrada no filme. Inclusive são poucas as cenas entre Jacob e Marlena em que eles realmente demonstram algum tipo de sentimento um com o outro. Foi um diferencial, a meu ver. Inclusive o final também me surpreendeu, mas ainda não estou certa se gostei ou não (não vou contar o final porque é spoiler, mas se você já viu o filme, deixe seu comentário me falando o que achou do final :)).

Eu não diria que esse filme é excelente, acho que é um filme bom. Muito bem feito em termos de fotografia, figurino e maquiagem. Até mesmo a atuação de Robert Pattinson foi boa (sim, gente, ele consegue fazer uma cara que não seja de vômito). Quanto a Reese Whiterspoon, nem é preciso falar, ela é atriz de primeira. Gostei bastante também do Christoph Waltz como o dono do circo. Ele passou a dose necessária de loucura, raiva e melancolia que o personagem pedia. Mas a história não me arrancou do chão não.

Se eu recomendo? Sim. Principalmente se você gosta de filmes românticos e/ou de circo. Mas já digo que não é algo espetacular. É daqueles filmes que você lembra e faz “aaaah” quando alguém menciona, mas só isso.

Água para Elefantes foi baseado no livro homônimo de Sara Gruen que em 2006 ficou na lista dos mais vendidos do New York Times. Não me animei o suficiente para ler o livro, mas caso alguém tenha lido, comentários são bem-vindos a respeito da adaptação!

Pessoal, é com muita alegria que eu anuncio que estarei nessa antologia de contos que tem como tema principal o fim do mundo!

Meu conto se chama “Uma Canção Para o Fim” e explora a ideia de apocalipse numa mistura de fantasia, sobrenatural e, claro, um drama básico.

Dias Contados Vol.3 - Contos sobre o fim do mundo

A ideia desse conto surgiu meio que derivada de uma história que inventei para um romance, uma história maior. No caso o conto narraria coisas que aconteceram antes dessa possível história que um dia, quem sabe, eu irei escrever.

O clima do conto é meio caótico, afinal, é o fim do mundo! A abordagem que escolhi foi narrar tudo do ponto de vista de uma personagem em especial, então as coisas acontecem na cabeça dela. E bem, eu imagino que viver o fim do mundo seja no mínimo uma experiência confusa, então isso refletiu no conto. rs

A parte mais difícill foi mesmo narrar o final do conto, porque eu tinha que colocar várias coisas num espaço pequeno. Confesso que sou mais escritora de romances, em que a gente pode divagar pra sempre, então contos sempre exigem muito de mim porque eu sou uma pessoa bastante prolixa. 🙂 Mas gostei bastante do resultado final.

Agradeço imensamente a três pessoas que me ajudaram muito com esse conto.  Primeiro Karen Alvares e Nívia Fernandes (Nikaaaaaaaari) que me ajudaram coma  primeira versão, dando ideias e sugestões para que o final do conto pudesse sair do melhor jeito possível. Meninas, vocês são as melhores revisoras do mundo! Depois agradeço ao Anderson Borges, amor da vida toda, que leu o conto na sua segunda versão e fez sugestões críticas muito pertinentes, inclusive, melhorando o título. Amor, você é bom demais com títulos! 🙂 Obrigada pelas ideias e por passar segurança!

A publicação é da editora Andross e o lançamento do livro será no dia 9 de junho, em São Paulo, no China Trade Center às 15hrs. Quem for de SP, não deixe de dar uma passadinha lá e se apresentar, porque eu estarei lá!

Quem tiver interesse em adquirir o livro, pode entrar em contato comigo depois do dia do lançamento. Quem quiser saber mais sobre essa antologia, é só clicar aqui.

Estou super feliz, pessoal! 🙂

Confiram o booktrailer pra entrar no clima!

Ah, lembrando que a Andross vai lançar outras antologias com temas diferentes também no dia 9 de junho. Dentre elas, temos:

Todos esses vão ter contribuição da Karen Alvares, a minha companheira de escrita.

E mais uma vez cá estou eu para fazer uma resenha do incrível John Green (para ler outras resenhas de livros dele, clique aqui). The Fault in Our Stars é um livro sensível, engraçado, trágico e provocador. Afinal, é um livro sobre câncer sem ser um livro sobre câncer.

Hazel tem 16 anos e câncer desde os 13. Ela precisa andar com um cilindro de oxigênio pra onde quer que vá, pois não consegue respirar sozinha. Mas ao invés de uma história melodramática sobre uma pobre garotinha com câncer, o livro nos apresenta a história de uma garota comum. Isso mesmo. Hazel vive incertezas, medos, ansiedades e também alegrias de ser, bem, jovem.

Esperei ansiosamente por esse livro (afinal, o meu foi uma das cópias autografadas pelo John Green da primeira edição da Amazon!) e ele não me decepcionou. A vontade que eu tinha era de ler tudo em poucas horas, mas infelizmente não pude porque às vezes a vida é chata e não deixa. blé

Os personagens, como sempre, foram bem envolventes. Além de Hazel, que é a narradora da história, temos Augustus Waters (um outro garoto com câncer que não é um garoto com câncer), Isaac, os pais de Hazel e o escritor Peter Van Houten. Todos eles incrivelmente reais aos olhos do leitor. E mais importante: nenhum deles trata um paciente de câncer como um paciente de câncer. Isso porque uma das coisas mais interessantes que esse livro nos faz pensar é justamente que uma pessoa não pode ser reduzida à doença que tem. Seja essa doença câncer, AIDS, paralisia, etc.

Mas isso não quer dizer que questões sérias relacionadas à doença não são discutidas no livro, porque são. Medo da morte, cegueira, dor, tudo isso é trabalhado de uma forma muito próxima, mas sem se tornar cliché. Inclusive John Green, como sempre, brinca com o cliché criando situações que seriam aparentemente clichés somente para subvertê-las depois.

Outra questão abordada no livro é a do escritor. Até que ponto não criamos para nós uma imagem de um escritor como alguém incrível e sensível, mas que na verdade só é uma pessoa comum, com medos e tudo mais?

The Fault in Our Stars é John Green em sua melhor forma. Uma leitura obrigatória para quem gosta do autor ou simplesmente de livros que te fazem questionar (e se emocionar com) algumas coisas que damos por dadas nesse mundo.

O livro ainda não foi traduzido no Brasil, mas pra quem lê em inglês, vale muito a pena!

O título The Fault on Our Stars foi retirado de uma fala clássica da peça Julius Caesar, de Shakespeare, em que Cassius diz a Brutus que a culpa não está nas estrelas, mas sim em nós mesmos.

E para comemorar a estreia do filme Jogos Vorazes, nada melhor do que postar uma música baseada na série, né?

“Catching Fire” é uma música inspirada nesse série que, como você sabem, é minha segunda favorita ever. Foi a primeira música inspirada em Jogos Vorazes que fiz, isso em dezembro. Por que não compartilhei antes? Bem, é que como vocês vão ver, ela exigiu um pouquinho  mais na produção.

Isso porque ao invés do clássico violão e voz, essa música tem todos os instrumentos! O arranjo todo foi feito pelo meu paizão, Eugênio Sá, que também mixou e masterizou a música. E eu ainda me atrevi a fazer um vídeo em que eu apareço!

Catching Fire

What about the things you have

What about your family

What about these games

What´s your strategy?

What about the plans you´ve made

What about the things you care

What about the ones you love

When you´re not there? (´cause you wont´t be there)

It´s catching fire now

this isn´t a dream

For the world´s reaction now it´s not what it seems

It´s all on fire now

this is out of control

For the ones watching now just let it go

What about your plans

What about your hopes

What about the things that you have been burying in the dark of your soul (´cause dark is the soul)

Espero que vocês gostem. Não deixem de comentar e de se inscreverem no canal no Youtube.

Para mais músicas inspiradas em Jogos Vorazes veja “Hijacked” e “The Girl on Fire“.

Já pararam pra pensar a relação que a música que você ouve tem com a sua vida? Pois bem, foi pensando nisso que resolvi inaugurar essa coluna aqui no blog que se chama “A Música e a Vida”. Eu penso em um ano da minha vida e na banda/artista que mais ouvi naquela época, escuto o álbum de novo e escrevo um post aqui no blog.

2007 foi um ano pavoroso na minha vida. Eu tinha acabado de entrar na faculdade, não sabia o que fazer, tava perdida e mega emotiva, briguei com amigos, me sentia sozinha, perdidade e todo esse mi mi mi. Enfim. Aí eu fui ouvir Smashing Pumpkins, que era uma banda que falava sobre tudo isso de uma forma deprê e super fossa. Claro que eu adorei.

Meu álbum favorito se tornou na hora Mellan Collie & the Infinite Sadness e eu escutava direto. Todo dia. O que mais me chamava atenção na época eram as letras intensas e meio loucas somadas àquela interpretação sofrida do Billy Corgan. Eu ainda consigo me ver deitada na cama ouvindo “Porcelina of the Vast Oceans” ou “In the Arms of Sleep”.

Essa semana ouvi o álbum de novo e posso dizer que apesar de várias sensações de cinco anos atrás terem voltado, hoje tenho uma visão completamente diferente do álbum. Comecei a gostar das músicas com pegada mais pesada que antes eu não gostava (como a faixa “Bodies”) e passei a prestar mais atenção na composição da música como um todo, principalmente as composições da guitarra que são extremamente bem feitas! Mas uma coisa não mudou: esse ainda é um dos melhores álbuns que já ouvi e ainda me emociona muito!

Os primeiros anos

Quem é Smashing Pumpkins?: É uma banda de Chicago que fez grande sucesso nos anos 90, sendo considerada uma das melhores bandas dessa década. A banda começou com Billy Corgan (vocalista e guitarrista), que em 1988 já tinha esse nome de banda na cabeça. Ele conheceu James Iha (guitarrista) numa loja em que trabalhava e os dois formaram o Pumpkins. Mais tarde, D´arcy Wretsky se juntaria à banda como baixista e depois Jimmy Chamberlain na bateria.

O Smashing Pumpkins é considerado uma banda de rock alternativo, mas incorpora elementos de hard rock e heavy metal bem como música eletrônica. O primeiro álbum da banda foi Gish (1991) seguido de Siamese Dream (1993) para depois lançar seu clássico álbum duplo, assunto desse post, Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995). Mais tarde veio Adore (1998) e o controverso Machina/The Machines of God (2000) que também teve uma versão de extras com Machina/The Friends and Enemies of Modern Music.

1998: a nova fase não vendeu muito

Em 2000, o Smashing Pumpkins acabou por conta de problemas internos e da baixa vendagem dos álbums mais recentes depois do fenômeno dos primeiros anos. Mas em 2007 (ironicamente o ano em que comecei a ouvir a banda), Billy Corgan voltou com os Pumpkins ao lado de Jimmy Chamberlain e lançou o álbum Zeitgeist. Em 2009, Chamberlain saiu da banda e Billy Corgan ficou sozinho como membro remanescente do Smashing Pumpkins ao lado de uma nova formação.

Título: Mellon Collie & the Infinite Sadness

Produção: Alan Moulder, Billy Corgan e Flood

Ano: 1995

Gravadora: Virgin

Disco 1: Dawn to Dusk

1. “Mellon Collie and the Infinite Sadness” 2:52
2. “Tonight, Tonight” 4:14
3. “Jellybelly” 3:01
4. “Zero” 2:41
5. “Here Is No Why” 3:45
6. “Bullet with Butterfly Wings” 4:18
7. “To Forgive” 4:17
8. “Fuck You (An Ode to No One)” 4:51
9. “Love” 4:21
10. “Cupid de Locke” 2:50
11. “Galapogos” 4:47
12. “Muzzle” 3:44
13. “Porcelina of the Vast Oceans” 9:21
14. “Take Me Down”

Disco 2: Twilight to Starlight

1. “Where Boys Fear to Tread” 4:22
2. “Bodies” 4:12
3. “Thirty-Three” 4:10
4. “In the Arms of Sleep” 4:12
5. “1979” 4:25
6. “Tales of a Scorched Earth” 3:46
7. “Thru the Eyes of Ruby” 7:38
8. “Stumbleine” 2:54
9. “X.Y.U.” 7:07
10. “We Only Come Out at Night” 4:05
11. “Beautiful” 4:18
12. “Lily (My One and Only)” 3:31
13. “By Starlight” 4:48
14. “Farewell and Goodnight” 4:22

 A ideia das duas partes de Mellon Collie é que uma parte representa o dia e a outra a noite. O álbum apresenta músicas de vários estilos: baladas, hard rock, heavy metal, rock alternativo e experimental. Todas as músicas, exceto ‘Take me Down” e “Farewell and Goodnight”, foram compostas por Billy Corgan. As outras duas foram feitas por James Iha.

Curiosidades:

  • Originalmente, o álbum teria 57 faixas que foram cortadas para as 28 que atualmente existem;
  • Courtney Love (viúva do Kurt Cobain) alega que Billy Corgan escreveu todas essas músicas pra ela;
  • A faixa “Thru the Eyes of Ruby” tem 70 guitarras gravadas;
  • Billy Corgan disse à impressa da época que esse era “O The Wall da Geração X”. Lembrando que The Wall é aquele clássico do Pink Floyd.

Favoritas: difícil escolher, mas eu diria “Tonight, Tonight”, “Galapagos”, “Porcelina of the Vast Oceans”, “Thirty-Three”, “In the Arms of Sleep” e “By Starlight”. Nussa! mas é isso que dá um álbum com 28 faixas!

 A declaração do Billy Corgan sobre o álbum representa bem o que senti em relação a ele cinco anos atrás:

Eu estava dizendo adeus a mim mesmo através do espelho retrovisor, arrematando o nó da minha adolescência e colocando-a embaixo da cama.

Depressivo, onírico, intenso, surreal. Esse é Mellon Collie & the Infinite Sadness e meu ano de 2007! E vocês, o que estavam ouvindo nesse ano?

Um filme sensível, confuso e um tanto onírico. A Árvore da Vida é um filme sobre amor, morte, perda, luto, família, raiva, trauma e tantas outras coisas. Afinal, fala da vida.

O filme de Terrence Malick foi desenvolvido já há algumas décadas, mas sempre foi adiado. No entanto, a espera parece ter valido a pena uma vez que o longa foi indicado ao Oscar de Melhor Filme esse ano, juntamente como uma indicação por Melhor Fotografia e Melhor Diretor (clique aqui para ler sobre outros filmes concorrendo ao Oscar). O elenco também é de primeira, apresentando atores de peso como Brad Pitt, Jessica Chastain e Sean Penn. Arrancando alguns suspiros de “incrível” ou “o quê?” por onde passa, é sem dúvida um filme no mínimo interessante de ser assistido.

Digo isso porque A Árvore da Vida, com seus 138 minutos, não é um filme convencional. Ele possui elementos artísticos um tanto fora dos padrões de Hollywood como grandes monólogos off-screen; montagens de imagens fora do enredo do filme; um enredo não-linear que não necessariamente tem começo, meio e fim; e diálogos conduzidos por sussurros de cunho existencial. Na Wikipedia, o filme é definido assim:

O filme mostra as origens e o significado da vida através dos olhos de uma família da década de 1950 no Texas, tendo temas surrealistas e imagens atráves do espaço e o nascimento da vida na Terra.

E é isso mesmo. Parece bem estranho, e é mesmo. Lá pela meia hora de filme (depois de vermos uma Jessica Chastain mais velha chorando a morte do fillho), o espectador é bombardeado com imagens do Big Bang e do nascimento de constalações e depois o desenvolvimento da vida na Terra que vai parar nos dinossauros. Passado isso, nos damos de cara com Brad Pitt e Jessica Chastain em interpretações muito intensas como um jovem casal no Texas e seus conflitos de família. (Inclusive, acho que a Chastain arrasou nesse filme numa atuação muito comovente.)

É aí que conhecemos melhor a família O´Brien que tem três filhos, três meninos. A história se foca mais em Jack, o filho mais velho, que sofre com a dureza do pai e busca conforto no jeito angelical da mãe. O relacionamento entre Jack e seu irmão mais novo, R.L, é mostrado como algo especial e ao mesmo tempo perturbador. Jack percebe que o irmão é diferente, mais doce e tranquilo, e que tem uma sabedoria que ele desconhece.

O filme emociona em alguns momentos por esse retrato de família. A história parece ganhar uma linearidade ao contar os conflitos entre Jack e seu pai, mas não há nenhuma conclusão. De repente o filme muda pra outra coisa. E novas imagens aparecem, o fim do mundo, Sean Penn (que interpreta o Jack adulto) melancólico no escritório, a família na praia e etc.

Bem, eu digo que A Árvore da Vida é um filme para ser sentido e não entendido. Ou seja, ficar procurando uma história linear ali não vai ajudar em nada e vai te deixar frustrado. Então sente-se numa tarde feliz e assista esse filme sem pretensões e se emocione com as imagens e com as sensações propostas pelo filme. Pense um pouco na sua vida, na sua família, se pergunte um pouco o que você faria para viver melhor e faça isso. Pronto.

Considero esse um filme muito bom, apesar de ter sido longo demais. Inclusive a duração é meu único questionamento em relação a esse filme. Acho que se ele fosse menor, seria mais impacante e mais interessante até. Porque quase meia hora de constelações beira a exaustão mesmo.

Quanto ao Oscar, acho que está na lista dos azarões de Melhor Filme. Imagino que a grande chance que tenha é de levar o prêmio de Fotografia. E sim, esse filme teve uma fotografia primorosa que com certeza vale um prêmio.

Uma comédia romântica com ar inocente que resgata e re-imagina os filmes mudos da década de 20 em Hollywood. Em tempos de filmes 3D explodindo na nossa cara e surround nervoso, assistir algo como O Artista, totalmente em preto e branco e totalmente sem fala, é uma experiência quase alienígena. Mas é um ótimo alienígena!

O Artista, do diretor francês Michel Hazanavicius, é uma produção ousada e diferente. É uma apropriação dos antigos filmes mudos e vem arrancando prêmios por onde passa, inclusive em Cannes, no Globo de Ouro e agora concorre a nada menos do que 10 categorias no Oscar, inclusive diretor, ator, atriz coadjuvante e roteiro original.

Meu maior medo em relação a esse filme foi que ficasse caricato demais. Claro que filmes mudos são sim caricatos, mas eu fiquei receosa de ver um cara estranho fazendo caretas loucamente na tela. Mas isso não aconteceu. Jean Dujardin atuou muito bem e conseguiu realmente me convencer de que era um ator mudo da década de 20. Todos os prêmios que ele levou até agora são mais que merecidos e acho que ele tem chances sim de levar um Oscar.

O filme conta a história de George Valentin, uma estrela dos filmes mudos, que vê sua vida sofrer um golpe quando Hollywood passa a investir em filmes falados. Orgulhoso, George não aceita a mudança e insiste em produções mudas, o que leva seu nome ao esquecimento, seu casamento ao fim e sua vida financeira à falência. Num contraponto, a jovem atriz Peppy Miller (interpretada por Bérénice Bejo) que conheceu o sucesso com a ajuda de George, desponta numa carreira bem-sucedida como atriz de filmes falados.

O filme conta com momentos engraçados, alguns outros um tanto sombrios, mas no fim o clima romântico prevalece. Mas é estranho para nós, espectadores do século XXI, assistir um filme desses sem que haja um só beijo na boca! Isso mesmo. Porque nos filmes da década de 20 ninguém beijava, só abraçava.

Algumas cenas são realmente geniais, como o pesadelo que George tem com o som e a cena de dança entre Peppy e George logo no começo do filme. E ao contrário do que as pessoas podem pensar, o filme não é nada cansativo e é bastante envolvente passado os primeiros três minutos de estranheza quando-é-que-eles-vão-falar. Minha única ressalva foi mesmo à interpretação de Bejo, que não me convenceu como atriz da década de 20.

Recomendo bastante. 🙂

E vocês acharam que eu não ia falar nada sobre o Oscar 2012, né? Já tem filme resenhado e essa semana vai ter mais!!!

E nada melhor do que passar o Carnaval com um pouquinho de bom e velho rock and roll, não? Então vamos pra sequência da história da banda estado-unidense The Runaways. E esse post vai abordar o conturbado período que se seguiu à turnê japonesa de 1977.

Como sempre, esse é um post do projeto Born to Be a Runaways Fan e as informações que uso foram declarações da própria banda. Para conferir a bibliografia, dê uma olhada nos posts anteriores.

No documentário Edgeplay, Jackie Fox diz:

As pessoas às vezes me perguntam: O que você acha da Lita? O que você acha da Joan? E a única resposta que consigo pensar é: Eu não as conheço! Sabe, eu não sou a mesma pessoa que eu era quando tinha 16 anos. E nós éramos todas incrivelmente difíceis do nosso jeito: Cherie nas Runaways era a pessoa mais egocêntrica que eu já conheci na vida. Lita era uma vaca. Sandy… Sandy apenas parecia ser incapaz de um pensamento independente. Ela tinha a melhor das intenções, mas era facilmente convencida por quem quer que seja da banda que fosse amiga dela na semana em questão. E Joan era, provavelmente, naquele momento, a pessoa mais estável, a que era a peça central na banda. E eu era uma terrível sabe-tudo insegura. E colocar-nos todas juntas era uma batalha de problemas de personalidade.

Com a saída de Jackie no final da turnê do Japão, os ânimos não se acalmaram. Pelo contrário, a tensão decorrente das diferenças de personalidade permaneceu entre as membros juntamente com a competitividade e agora as apresentações para a escala de uma nova baixista.

Vicki Blue antes da mudança de visual imposta por Lita...

Algumas garotas tocaram até que Vicki Blue (Victory Trischler-Blue) apareceu. Vicki ficou sabendo por um amigo que Jackie Fox tinha saído da banda no Japão e ligou para Kim Fowley a fim de marcar um teste. Em Edgeplay, ela diz que se lembra de entrar no estúdio de ensaio e abrir a porta para dar de cara com a banda lá dentro. Ela diz que houve um “momento congelado no tempo” para depois pensar imediatamente: “Ah meu Deus, ela realmente parece comigo!”. E ela estava se referindo a Lita Ford.

A banda ensaiou com Vicki algumas músicas e de acordo com a última, o ensaio foi bom. Então as Runaways pediram que Vicki deixasse a sala para deliberar a decisão. Vicki diz que se sentiu ansiosa, pois queria muito entrar para a banda. Quando ela entrou na sala mais uma vez, Cherie estendeu a mão para ela e disse: “Bem-vinda às Runaways!”. Mas Vicki e Lita realmente se pareciam muito o que, obviamente, não deixava Lita nada feliz. Para resolver o “problema”, Lita pintou o cabelo de loiro e convenceu Vicki a fazer um permanente. Mas ainda assim, as duas passariam facilmente por irmãs.

Lita... realmente parecidas, não?

Mas estranhamente, Vicki e Lita se tornaram um tanto próximas. Em Edgeplay, Lita diz que considerava Vick sua responsabilidade. Foi ela quem ensinou a Vicki todas as antigas músicas das Runaways (e lembrando aqui que Lita é uma ótima baixista! rs) e as duas passavam algum tempo juntas. Ainda no documentário, Lita diz que estava cansada da atmosfera tensa da banda naquela época e que Vicki trouxe um certo ar fresco. Passar um tempo com Vicki era mais tranquilo uma vez que ela não estava envolvida em antigos joguinhos de poder ou em ressentimentos passados.

 O limite de Cherie

Com uma nova integrante, a banda precisava investir mais uma vez em sua imagem. Por isso uma sessão de fotos foi marcada a fim de apresentar The Runaways em sua nova formação. O fotógrafo era Barry Levine, o mesmo que à época fazia a maior parte das fotos promocionais da banda bem como a capa dos álbuns. O ensaio, no entanto, não saiu como o esperado. Essa história tem duas versões, então vamos lá:

  • Versão de Lita Ford e Vicki Blue

Uma das fotos em grupo da sessão fotográfica fatídica...

Lita deu carona para Vicki até o estúdio e lá, juntamente com as outras Runaways, ficaram esperando por Cherie, que chegou duas horas atrasada porque dividia o carro com sua irmã. Lita ficou p da vida, mas a sessão de fotos rolou. No entanto, quando a banda começou a fazer a sessão de fotos individuais, Cherie disse que tinha que ir embora mais cedo. Levine, irado, atirou a câmera no chão e começou a gritar. Cherie, assustada, saiu correndo para o vestiário e começou a se trocar. O problema é que Lita já tinha perdido a cabeça com a história toda. Ela foi atrás de Cherie e literalmente arrombou a porta para empurrar Cherie contra a parede e dizer: Ou é a banda ou a sua família! Cherie, em pânico, diz que era sua família e depois emenda com um: “Eu não posso trabalhar com essa mulher!” e vai embora. Antes de sair do estúdio, no entanto, ela segura o braço de Vicki e pergunta: “Vicki, você vem comigo?” e Vicki diz que não. É aí que Cherie sai da banda.

No documentário Edgeplay, Lita diz que já estava de saco cheio de Cherie e de seus problemas familiares. Ela diz que se importava muito com a banda, com a música e que estava disposta a trabalhar duro para o sucesso das Runaways, coisa que ela achava que Cherie não estava fazendo. De acordo com Lita, Cherie estava sempre atrasada e mais preocupada com relacionamentos (referência ao affair entre a loira e Scott Anderson) e drogas do que com o que era melhor para sua carreira.

  • Versão de Cherie Currie

Cherie chega no estúdio e avisa Barry Levine que tinha que ir embora mais cedo pois tinha que entregar o carro para sua irmã gêmea, Marie, que tinha aulas de atuação, às sete horas. Barry diz okay, mas Lita chega duas horas atrasada e a sessão demora mais do que o planejado. Cherie então, no meio da sessão, anuncia que precisa sair. Levine, irado, atira a câmera no chão. Percebendo que a situação ia ficar feia, Cherie sai correndo para o vestiário e tenta sair dali o mais rápido possível. Mas Lita vai atrás dela, derruba a porta e começa a gritar. No meio da briga, Lita diz que existe a banda e a família e que todas as outras escolheram a banda. Cherie diz que escolhia sua família e vai embora.

E mais uma vez Cherie entra em conflito com seus depoimentos. Enquanto que em sua autobiografia, Neon Angel,  ela diz que ficou arrasada com sua saída das Runaways e que teria voltado se as outras garotas tivessem ido atrás dela para conversar, em Edgeplay ela diz que já tinha tido o bastante e que foi um alívio sair e começar sua carreira solo. Como sempre, drama queen. Eu, pessoalmente, acredito na versão de Vicki Blue e Lita Ford. Até porque são duas pessoas contando a mesma história e Vicki é uma figura bastante mais coerente que Cherie.

E é assim que Cherie Currie, a Cherry Bomb, abandona The  Runaways. No entanto sua imagem com o espartilho branco seria para sempre associada à banda.

Seguindo em frente como um quarteto

No dia seguinte da saída de Cherie, as membros remanescentes da banda se reuniram e Joan teve que assumir a responsabilidade de ser o vocal principal. Tanto Lita quanto Vicki dizem que Joan teve um flash de insegurança, se perguntando se seria capaz de fazer aquilo. A banda a apoiou e a ajudou a escolher as músicas que Cherie cantava que ela poderia cantar. Vicki Blue diz em Edgeplay que esse foi o único momento de camaradagem que experenciou durante toda sua estada com as Runaways.

Vicki ao lado de Joan, agora frontman num estilo bastante diferente da anterior

Joan Jett se tornou uma excelente frontman, apesar de ter um estilo completamente diferente de Cherie. A banda pós-Cherie, inclusive, parece outra. A pegada punk se tornou mais forte bem como músicas mais pesadas, uma vez que a banda não tinha mais lidar com os pedidos de músicas melódicas de Cherie. Joan tinha uma postura agressiva no palco, mas bem menos sensual. Nada de corpetes, nada de lingeries. Joan Jett usava calça jeans rasgada e no máximo seu macacão vermelho (que ela abandonou depois de 77).

Uma nova imagem se formava para a banda. Cherie fazia o tipo femme fatale misturado com drama queen, enquanto Joan era mais masculina  e durona e tinha uma atitude rock and roll facilmente confundida com arrogância segundo alguns produtores (dentre eles, Toby Mamis). Cherie usava as mãos, se abaixava e dançava para impor sua presença no palco. Joan, por motivos óbvios, não podia fazer isso. Ao invés disso, ela passou a usar os olhos (aquele olho arregalado que mais tarde seria uma de suas marcas registradas), mascar chiclete e dar umas jogadas de ombro. Os ombros curvados que tanto desagradavam Kim Fowley acabaram se tornando sua postura clássica no palco.

Nos comentários do filme The Runaways, Joan disse que Kim Fowley achava que The Runaways sem Cherie Currie estava fadada ao fracasso. Ela diz que ele nunca falou isso, mas que ela podia sentir e que ficou feliz quando provou a ele que ele estava errado.

Da voz no limite melódica de Cherie Currie para a interpretação seca e agressiva de Joan Jett

O que Fowley temia era que sem o apelo sexy explícito a banda não fizesse mais sucesso. De certa forma isso não aconteceu, mas é verdade que o público mudou junto com o som. Possivelmente alguns fãs não gostaram da nova cara da banda e Waitin´ for the Night não foi um álbum bem recebido na época. Pelo menos não nos Estados Unidos.

Das músicas que Cherie cantava, Joan passou a cantar “Queens of Noise” integralmente, “California Paradise”, “American Nights” e “C´mon”. Em termos técnicos, Cherie Currie era uma melhor vocalista, mas Joan Jett conquistou os fãs com a atitude rock and roll.

Diz aí que o vídeo é de 78, mas pelas roupas, imagino que seja 77. Tinha um vídeo de ótima qualidade dessa música sem Cherie, mas não consigo achar em lugar nenhum do Youtube mais. Alguém tem?

Kim Fowley se afastou um pouco e Toby Mamis passou a gerenciar a banda. Em meio a essa fase de adaptação, é importante dizer que o clima estava extremamente tenso e que as drogas já eram mais que rotina. Vicki Blue, na época, era a única que não usava drogas. Foi nesse cenário que Waitin´ For the Night, o quarto álbum da banda foi gravado em agosto de 77.

Título: Waitin´ for the Night

Lançamento: outubro de 1977

Gravadora: Mercury Records

Produção: Kim Fowley

1.Little Sister (Jett / Inger Asten): Essa primeira música já mostra o que vai se ouvir nesse álbum: guitarras mega altas e distorcidas, vocal agressivo e letras nervosas sobre a noite na cidade, curtição e encontros amorosos. Joan apanhava para cantar esse refrão ao vivo, mas também era uma das melhores interpretações dela nos shows. Uma vez vi um comentário no Youtube dizendo que esse álbum deveria se chamar “Kids in Hate”  por conta do refrão dessa música e eu acho que é verdade.

2. Wasted (Jett / Fowley): Uma música sobre jovens drogados nos clubes da cidade. “Wasted” acaba sendo uma mistura conflitante de uma inspiração punk (Joan) com outra heavy metal (Lita). No final o punk ganhou, mas o solo de Lita nessa música é muito bom.

3. Gotta Get Out Tonight (Jett): Seguindo a linha mais pesada das músicas anteriores, essa apresenta guitarras em excelente forma, tanto da parte de Lita quanto de Joan. E destaque para Vicki, que é uma baixista muito melhor que Jackie.

4. Wait For Me (Jett): Uma balada romântica escrita por Joan, mas que não deixa de lado as guitarras. Um riff bem bolado, não cansa. A voz de Joan mescla uma interpretação mais suave com seu tom usual agressivo.

5. Fantasies (Ford): Primeira música composta 100% por Lita Ford que aparece num álbum, essa faixa não poderia deixar de ser o alívio mais metal num álbum quase todo punk. A música, lenta e melódica, apela para arranjos de guitarra e um solo excelente. Apesar de bem composta e bem executada, algumas vezes ela me cansa. Uma faixa longa se formos analisar outras músicas da banda.

6. School Days (Jett / Fowley): Joan canta sobre experiências na escola e a vida depois dela. Provavelmente a música mais tocada da época. Lita faz uns enfeites muito legais nessa música, mas sempre senti falta de um solo.

7. Trash Can Murders (Ford): Lita faz uma letra sinistrona sobre assasinatos à noite (bem estilo metal mesmo) somada a uma pegada de guitarra muito bem feita. Joan interpreta a música no que é seu melhor vocal no disco inteiro e eu arriscaria dizer nos álbuns de estúdio das Runaways. Ah, e o solo de Lita é excelente e a guitarra base de Joan também. Ah, e Vicki e Sandy também foram muito bem. Enfim, essa faixa é ótima! Apesar da letra sinistrona.

8. Don´t Go Away (Jett): Outra música mais romântica de Joan. Gosto bastante dos vocais agudos de Joan aqui, mostra um pouco da sua versatilidade vocal.

9. Waitin´ for the Night (Jett / Fowley / Krome): A faixa-título é uma balada com um refrão pesado e uma letra mais poética bem Kari Krome.

10. You´re Too Possessive (Jett): Para o final temos uma música bastante intensa com vocais mega agudos de Joan Jett sobre um caso de affair possessivo. Inclusive,  os backs mega agudos eram um sofrimento nos shows ao vivo. Mas destaque para Lita.

A contracapa da Waitin´ For the Night

 Dessa época estão alguns vídeos de apresentações da banda na TV, vale a pena conferir:

Ah, e esqueçam a legenda do vídeo acima pois até toda errada. Até diz que Lita é Cherie… Imagina se a Lita vê uma coisa dessas…

 Uma perda

Um fato não muito comentado a respeito da formação de The Runaways como um quarteto é que a banda perdeu seu backing vocal de qualidade. Até a saída de Cherie, os backs ao vivo eram incríveis. Na formação clássica, Joan e Jackie faziam o back para Cherie. Um dos talentos não muito mencionados de Joan Jett é que ela é uma excelente backing vocal, conseguindo dar força ao vocal principal e ao mesmo tempo imprimindo sua marca. Cherie também fazia backs ótimos e o mesmo se diz de Jackie Fox, que tinha uma voz muito bonita por sinal.

Com a saída de Jackie e mais tarde de Cherie somado ao fato de que Joan agora era o vocal principal a responsabilidade maior dos backs caiu sobre Lita. E Lita Ford tem um back medíocre na minha opinião, de péssima qualidade. Desafinado e sem coordenação. Vicki Blue era uma back melhor, mas estranhamente, ela não era fã do microfone e nos vídeos que podemos ver da banda, é raro vê-la com um pedestal na frente. Quanto a Sandy West, ela normalmente faz coro e não back. No álbum de estúdio, Joan gravou todas as segundas vozes e backs (apesar de eu desconfiar que tem Sandy no coro às vezes).

 The Runaways como um quarteto se tornou uma banda mais underground, uma vez que apelo sexual que Kim Fowley tanto queria, perdeu sua força. Joan Jett disse, se não me engano nos comentários do filme The Runaways, que elas eram infelizes na época e que uma prova disso é que não há fotos delas sorrindo na época. Lita Ford diz no documentário Edgeplay que tudo que aprendeu no cenário musical com The Runaways veio do jeito mais difícil possível. Sandy West, por outro lado, diz que estar na banda foi a melhor época de sua vida.

Com o álbum mais Joan Jett de todos gravados pelas Runaways, não só pelo número de composições mas também pelo apelo punk, a banda fez alguns shows nos Estados Unidos e depois se lançou na segunda turnê pela Europa tocando em países como Reuno Unido, França, Bélgica e Holanda.

De volta aos EUA em dezembro de 1977 se prepararam para a turnê nacional ao lado de bandas como os Ramones.

Aguardem o próximo post que traz o ano de 1978!

Bibliografia

  • The Runaways Collector: um canal no Youtube com várias gravações raras de TV da banda. Vale MUITO a pena ver.

Depois de me fazer debulhar em lágrimas e sentimentos conflitantes com Quem é Você, Alasca? [Looking For Alaska], John Green dessa vez me atirou no mundo da ansiedade adolescente que busca incessantemente entender o que não dá pra entender: porque algumas pessoas levam o pé na bunda enquanto outras aplicam o pé na na bunda.

An Abundance of Katherines é o segundo livro de John Green (John Green, ai me Deus, John Greeeeeeeeeeeeeeeeen!) e infelizmente ainda não foi traduzido no Brasil. *cruzem os dedos, pessoal * Peguei em prestado com a Amanda pra variar e li em poucos dias. Na verdade, foi o último livro que li em 2011. Então fechei com chave de ouro, acho.

O livro conta a história de Colin, um garoto super dotado que vive com o peso de não ser um gênio. Isso mesmo, Colin aprende coisas super rápido – principalmente anagramas, sua obcessão, e coisas relacionadas a línguas – mas isso não faz com que ele seja especialmente genial. O problema é que Colin se sente pressionado a fazer uma descoberta incrível ou algo que o torne para sempre imortal.

Mas essa não é a única coisa que preocupa Colin, muito menos a característica que o torna diferente dos outros. Além de seus talentos linguísticos e ansiedade crônica, Colin precisa de Katherines. Isso mesmo. As 19 namoradas de Colin até então foram todas Katherines. E ao levar um pé na bunda da última, ele acha que precisa arrumar um jeito em sua vida. Ou seja, inventar uma fórmula/teoria que explique todos os relacionamentos amorosos antes mesmo que eles aconteçam!

Juntamente com Hassan, seu melhor amigo mulçumano, Colin parte numa viagem de carro um tanto inusitada que o levará a muitas descobertas. Uma história sobre lidar com a própria ansiedade e as próprias obcessões pessoais; An Abundance of Katherines rende momentos emocionantes, mas também momentos hilários com aquele toque sensível que só John Green tem!

Confesso que demorei um pouco a engatar nesse livro que não me fisgou logo no começo. No entanto, quando finalmente entendi Colin como personagem, não consegui mais parar de ler. Adorei as notas de rodapé que explicam as obcessões de Colin mais o apêndice que explica a matemática do teorema Katherine. É um livro instigante que me fez pensar bastante na minha vida, principalmente no sentido de que muitas vezes esperamos muito de nós mesmos, esperamos um futuro para nós, e nos esquecemos de ver que no nosso presente há coisas incríveis acontecendo. Além de que muitas vezes deixamos que nossos objetivos pessoais simplesmente determinem quem nós realmente somos ao invés de o contrário.

Nem preciso dizer que recomendo muito esse livro. John Green com certeza é um dos melhores escritores dessa nossa década e merece ser valorizado como tal.

Pra quem quiser mais saber o livro, confiram o site oficial de John Green que tem muitas curiosidades e também uma página de perguntas e respostas elaborada pelo próprio autor. Inclusive tem uma parte muito interessante em que ele rebate os críticos dizendo que nunca foi uma criança prodígio e que este livro não é nem delonge uma história sobre sua própria adolescência. Ah, e que ele nãoé bom em anagramas! Está em inglês.

A fórmula inventada por Colin. Inclusive, em alguns sites da internet dá pra realmente aplicá-la ao seu relacionamento...

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